quarta-feira, 15 de maio de 2013


Conheça a cronologia de Norberto Bobbio
Avesso aos radicalismos ideológicos, Norberto Bobbio é, sem dúvida, um dos intelectuais mais influentes do século 20. Ativista dos direitos humanos e testemunha dos principais acontecimentos do nosso tempo, Bobbio entrou para a história como o "filósofo da democracia". Conheça sua cronologia e obras capitais.
18.out.1909 - Norberto Bobbio nasce em Turim, na Itália. Filho de família burguesa, Bobbio passou por uma infância tranquila, dedicando-se aos estudos habituais de um jovem e abastado piemontês.
- 1927 - Inscreve-se em direito na Universidade de Turim
- 1930 - Inicia a militância política
- 1931 - Conclui a faculdade
- 1933 - Realiza um estagio em Marburg Alemanha e especializa-se em filosofia com uma tese sobre a fenomenologia de Husserl
- 1934 - Obtém a livre docência em filosofia do direito
- 1935 - Bobbio é detido por sua oposição ao regime fascista. Consegue um lugar de docente de filosofia do direito na Universidade de Camerino
- 1938 - Convidado a lecionar na Universidade de Siena
- 1940 - Alcança a cátedra de filosofia do direito na Faculdade de Jurisprudência da Universidade de Pádua
- 1941 - Fundado o Partido de Ação, grupo que unifica os opositores do regime fascista e conspiradores contra Mussolini. Bobbio se filia ao partido
- 1943 - Bobbio é preso pela polícia de Mussolini. Escreve ao Duce pedindo a remoção de sua pena. Essa carta, apologética ao regime, será usada 60 anos depois como amostra de fraqueza dos antifascistas. Casa-se com Valeria Cova
- 1948 - Transfere-se para a Universidade de Turim, cabendo-lhe a cadeira de filosofia do direito
- 1955 - "Estudos de Teoria Geral do Direito" e "Política e Cultura" são lançados no mesmo ano
- 1958 - "Teoria da Norma Jurídica", no qual defende uma postura científica no direito
- 1962 - Passa a ministrar aulas de filosofia política, juntamente com filosofia de direito
- 1972 - Recebe a cadeira de filosofia política na Universidade de Turim
- 1976 - Publica "Qual Socialismo?"
- 1979 - Retira-se parcialmente, aos 60 anos, da atividade docente
- 1981 - Publica "As Ideologias e o Poder em Crise", livro que analisa a crise política do Estado contemporâneo diante dos efeitos da globalização econômica e a supressão das fronteiras como conhecemos
- 1984 - É nomeado senador vitalício italiano pelo então presidente Sandro Pertini. Bobbio deixa definitivamente a vida universitária e recebe o título de professor benemérito da Universidade de Turim. Publica o livro O Futuro da Democracia" , no qual procura combinar a tradição liberal com o ideal socialista, equilibrando a liberdade e justiça social
- 1985 - Publica "Estado, Governo, Sociedade", distante de dogmatismos, analisa e propõe a reorganização da convivência social, do Estado e da própria política
- 1989 - Publica "O Terceiro Ausente", com atenção acadêmica, comenta a guerra e a paz
- 1990 - Reunindo 11 ensaios, vem a público a obra "A Era dos Direitos"
- 1994 - Publica "Direita e Esquerda"
- 1996 - Publica, aos 87 anos, a autobiografia "O Tempo da Memória"
- 2003 - Morre a esposa Valeria Cova
- 2004 - Morre em Turim com 95 anos

"Acreditamos saber que existe uma saída, mas não sabemos onde está. Não havendo ninguém do lado de fora que nos possa indicá-la, devemos procurá-la por nós mesmos. O que o labirinto ensina não é onde está a saída, mas quais são os caminhos que não levam a lugar algum".
Ainda considero como direita aquelas forças que se colocam a serviço do interesse das pessoas satisfeitas. Os outros, os que sentem e agem do ponto de vista dos pobres, do excluídos da terra, são e serão sempre a esquerda. Em nosso tempo, todos os que defendem os povos oprimidos, os movimentos de libertação e justiça, são a esquerda. Aqueles que, manifestando-se do alto do próprio interesse, dizem que não há motivo para distribuir o dinheiro que suaram para ganhar, são e serão a direita. De direita são os que julgam as desigualdades como inevitáveis. A esquerda está viva naqueles que consideram iguais todos os homens, nos que se atrasam um pouquinho para esperar os mais lentos, nos que estendem as mãos sadias para socorrer as mãos enfermas, nos que se importam de verdade com aqueles que sofrem para subir a ladeira”.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Bibliografia/Obras


A mais recente bibliografia dos seus escritos enumera 2025 títulos entre obras de ensaio, direito, ética, filosofia, peças de comentário político. Mas se há um traço comum que une esta vasta e diversificada obra intelectual é a postura do professor que procura de forma simples e intuitiva transmitir a quem o ouve (ou lê) as ideias matrizes de uma riquíssima história das ideias ocidentais e a perseverante defesa das regras do jogo democrático como indispensável à própria sobrevivência da democracia.
Entre suas obras mais usadas no meio acadêmico, destaca-se o "Dicionário de Política", escrito ao lado de Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino, publicada em dois volumes.
-Estado, governo, sociedade
-Ensaios sobre Gramsci
-Teoria da norma jurídica
-Elogio da Serenidade

terça-feira, 7 de maio de 2013

Alguns livros de Bobbio






Biografia do Filósofo

Norberto Bobbio, grande filósofo italiano faleceu em 2004. Viveu durante a infância e adolescência em uma família abastada, com criadas e motorista.  Formado em filosofia e direito, foi professor universitário e jornalista – e um apaixonado pela teoria política e pelos direitos individuais. Na Itália dos anos 1940, mergulhada na Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945), Bobbio fez parte do movimento da Resistência: ligou-se a grupos liberais e socialistas que combatiam a ditadura do fascismo.
O filósofose autodefinia como um militante da razão. Costumava dizer que embora o homem moderno tenha desvendado milhões de coisas que eram desconhecidas dos antigos, o mundo de hoje é cada vez mais incompreensível, menos transparente. Bobbio sempre defendeu o individualismo diante do Estado. Isso significa que ele acreditou e lutou contra as ditaduras, para que a liberdade de cada pessoa tivesse mais valor que a autoridade do governo de qualquer país quando esta é excessiva. Por esse motivo, considerava a criação dos tribunais para julgar crimes de guerra a maior conquista do seu século.
Sua obra estuda a filosofia do direito, a ética, a filosofia política e a história das ideias. Nela se discutem as ligações entre razões de Estado e democracia, além de temas fundamentais, como a tolerância, relacionada ao preconceito, ao racismo e à questão da imigração na Europa atual, obrigada a conviver com diferentes crenças religiosas e políticas. Bobbio acreditava que a democracia precisa de cidadãos comprometidos com o combate a todo tipo de preconceito e com a prática diária da tolerância.
Um jornal francês chamou Bobbio  de “mâitre-à-penser” (mestre do pensamento) do século XX, ele não fazia questão de ser chamado de ateu como muitos dos intelectuais. Costumava dizer que havia se afastado da igreja, não da religião.
Numa entrevista em 2000 ao jornal italiano, Bobbio disse: ”Quando sinto ter chegado ao fim da vida sem ter encontrado uma resposta às perguntas últimas, a minha inteligência fica humilhada, e eu aceito esta humilhação, aceito-a e não procuro fugir desta humilhação com a fé, por meio de caminhos que não consigo percorrer. Continuo a ser homem, com minha razão limitada e humilhada: sei que não sei. Isso eu chamo de minha religiosidade”.
Viúvo (2003) depois de 60 anos de casamento, morreu no hospital Molinette, em Turim, onde esteve internado por mais de um mês com problemas respiratórios, aos 94 anos. 


“Cultura é equilíbrio intelectual, reflexão crítica, senso de discernimento, aborrecimento frente a qualquer simplificação, a qualquer maniqueísmo, a qualquer parcialidade”.